terça-feira, 16 de março de 2010

Hellboy

Hellboy
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Dados sobre publicação
Publicado por Dark Horse Comics
Primeira aparição Great Salt Lake Comic Convention (1991)
Criado por Mike Mignola
Características do personagem
Alter ego Anung un Rama
Espécie Demônio
Afiliações BPRD
Codinomes conhecidos Destruidor do Mundo
Grande Fera
A Fera do Apocalipse
Braço Direito do Destino
Irmão Vermelho
Habilidades Força, resistência e durabilidade sobrehumanas;
Regeneração celular espontânea;
Longevidade;
Amplo conhecimento ao sobrenatural;
Invulnerabilidade.
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Hellboy é um personagem de Histórias em Quadrinhos (banda desenhada) do mesmo nome, criada por Mike Mignola e editada nos Estados Unidos pela Dark Horse. No Brasil, já foram lançados várias revistas. Em Portugal, já foram lançados dois álbuns pela Devir.

Nascido nas profundezas do Inferno, Hellboy (ou, como é conhecido pelo seu nome verdadeiro, Anung un Rama) é um enorme ser de aspecto diabólico mas com um coração de ouro. Foi descoberto pelo Professor Trevor Bruttenholm ("Trevor Broom" no filme) nas ruínas de uma capela nas Ilhas Britânicas, após ter sido invocado do Inferno por uma ação conjunta de Rasputin e da Alemanha Nazista. Bruttenholm criou o pequeno demônio, ensinando-lhe a importância de ser humano, e treinou-o para combater as forças das trevas.

Ao atingir a maioridade, Hellboy passou a integrar o B.P.R.D. (Bureau for Paranormal Research and Defense) ao lado de figuras como Abe Sapien, Liz Sherman e Lobster Johnson. Suas aventuras combatendo o mal levam-no a viajar por todo o mundo enquanto enfrenta ameaças tão diversas como vampiros, lobisomens, fantasmas, monstros, antigos deuses da noite, ladrões de túmulos, golens, e finalmente, os mais importantes dos seus inimigos: um grupo de Nazistas (que sobreviveu até hoje numa câmara criogênica) e o espírito imortal de Rasputin, que assombra Hellboy com revelações sobre o seu verdadeiro propósito e o seu destino de destruir o mundo que tanto ama.


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Enredo

O protagonista é um detetive para casos envolvendo o mundo paranormal. Um menino vindo do inferno que acaba se tornando um dos maiores heróis da humanidade na luta contra o mal. Sim, porque eu não considero Hellboy um anti-herói. Se tirarmos os chifres, a cauda e a pele vermelha ele é apenas mais um detetive durão, solucionando casos misteriosos.

Aliás é aí que está a grande sacada de Mike Mignola, o criador da série. Nas histórias o aspecto demoníaco de Hellboy não importa, não causa estranhamento, os personagens já vêem o herói como um humano qualquer. E após algumas histórias o efeito em nós, leitores, é o mesmo.

Hoje falaremos sobre uma edição originalmente publicada em 2000 nos EUA, Hellboy – A mão direita da perdição. Além da história título, esta edição apresenta vários contos curtos, ideal para quem quer adentrar o universo demoníaco de Mignola. A edição é dividida em três momentos. O primeiro arco de histórias é chamado de Anos Dourados, é composto de três histórias e se passa entre as décadas de 40 e 50.

Panquecas é a primeira história e se passa no México, em 1947, trazendo um Hellboy menino, teimoso e curioso, recusando-se a experimentar panquecas no café da manhã. A mensagem dessa história é clara: o personagem poderia ser qualquer um de nós. Destaco nessa história a divertidíssima repercussão dos demônios, na cidade de Pandemonium, a capital do inferno, ao constatarem que Hellboy experimentou panquecas.

É fato conhecido que quando a Dark Horse pediu uma história sobre Hellboy jovem, Mignola não estava com a menor vontade de escrever e sugeriu uma publicação de duas páginas apenas com Hellboy comendo panquecas, uma história feita ‘nas coxas’ por assim dizer. Mas o pequeno conto tornou-se uma das histórias mais populares, responsável direta pela publicação futura de Hellboy Jr.


Os contos seguintes, A natureza da fera e Rei Vold, servem pra ressaltar novamente o lado humano de Hellboy, e como o herói é falível também. Como eu disse anteriormente, esqueça o herói fodão do cinema. Nos quadrinhos Hellboy erra e apanha muitas vezes. No primeiro conto ao enfrentar um dragão, Hellboy se salva por pura sorte. A história é baseada em uma lenda inglesa que conta a luta entre São Leonardo e um dragão. Diz a lenda que durante a batalha no local onde o santo lutou, o sangue que caiu ao chão fez brotarem lírios, que até hoje crescem numa região pertencente West Sussex, na Inglaterra.

No conto Rei Vold, Hellboy vai até a Noruega a pedido de seu pai adotivo, ajudar um velho amigo dele. Chegando lá encontra Edmond Aickman, que está investigando o caso de um fantasma chamado King Vold que tem aterrorizado a região com seus cães fantasmas. Hellboy acaba constatando que Aickman não está interessado apenas em desvendar o mistério e acaba levando uma surra de um dos cães fantasmas de Vold. Aqui é importante destacar o conhecimento de Mignola de diversas mitologias e culturas, resultado de pesquisas para compor o universo de Hellboy.

A segunda parte desta graphic novel é chamada de Anos da Maturidade se passa entre as décadas de 60 e 80, e aqui vemos um Hellboy um pouco mais cínico e bruto, depois de anos de investigações e pesquisas paranormais. Este arco, também divido em três histórias, nos leva inicialmente ao Japão, onde vemos o vermelho em mais um história solo, enfrentando cabeças sem corpo em uma antiga casa mal-assombrada.

A segunda história apresenta um médium que ao tentar acessar o mundo espiritual através do uso de ectoplasma, acaba sendo consumido por uma criatura abissal. Hellboy é chamado pela assistente do médium e tenta salvá-lo. A criatura convocada claramente inspirada nos monstros ‘tentaculosos’ de H. P. Lovecraft, umas das grandes inspirações de Mignola.

A última história do arco chama-se de Vârcolac, um vampiro romeno, considerado o mestre de todos os vampiros, capaz de causar eclipses. Hellboy encontra a criatura ao caçar a condessa Ilona Kakosky, que também é um vampiro. A história nos dá mais uma pista sobre a identidade de Hellboy quando a condessa diz:

“Ele vai destruí-lo completamente, não pelo que você é, mas pelo que poderia ser e não é.”

Aqui começa o terceiro arco onde temos as duas histórias que considero mais importantes nessa edição: A mão direita da perdição e A Caixa do mal(cujo título ainda prefiro no original “Box full of evil”). Estas histórias não são datadas o que nos faz crer que se passam nos dias atuais. Na primeira história Mignola faz uma retrospectiva da origem de Hellboy, na qual o próprio demônio conta sua história para um padre chamado Adrian Frost, filho de um grande inimigo de Hellboy o Professor Malcolm Frost. Ao final da história o padre entrega a Hellboy uma pista intrigante que faz referência a sua mão de pedra e o perigo dela cair em mãos erradas.

A última história, A caixa do Mal, nos traz a dupla Hellboy e Abe Sapien em uma investigação sobre um misterioso assalto, no qual foi usada inclusive uma ‘mão da glória’, um artefato de magia negra capaz de abrir todas as portas e paralisar pessoas. A mão da glória é feita a partir da mão decepada de um enforcado. Com o decorrer das investigações descobrimos que um homem chamado Igor Bromhead, roubou uma caixa na qual um demônio foi aprisionado.


Mais adiante o demônio é libertado e sob o controle de Igor conta que Hellboy carrega a coroa do apocalipse e que sua mão carrega um valioso poder. Para se apossar dos dois itens Igor terá que acabar com Hellboy, mas as coisas não saem como planejado. Esta história é interessante pois mostra um Abe Sapien muito mais durão do que o visto no filme e novamente explica muita coisa sobre a origem de Hellboy.

Estas são as histórias de Hellboy – A mão direita da perdição, lançada aqui no Brasil em 2004 pela editora Mythos, em uma qualidade que deixa a desejar, mas ainda sim cheia de extras entre eles as capas originais das edições publicadas nos EUA, esboços e comentários do próprio Mignola sobre cada uma das histórias e ainda traz a opinião de ícones dos quadrinhos como Will Eisner, Frank Miller e Sergio Aragonés.

Ou seja, é uma edição imperdível, quer dizer imperdível não, porque eu tinha a minha guardadinha e ela foi roubada. Roubada. R-O-U-B-A-D-A. E eu espero que o meliante vá para inferno sentar no colo do Astaroth. Mas a boa notícia é que a Mythos começou a republicar este ano uma coletânea chamada Hellboy: Edição Histórica e é uma oportunidade para quem não conhece (e também para quem foi roubado…) iniciar uma incursão pelo mundo sombrio e divertido de Hellboy.

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